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O desafio de levar a Justiça Social aos povos da Amazônia é destaque em evento realizado pelo TRT-11 na capital dos povos indígenas

23/09/2022
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Transmitido ao vivo pelo YouTube do Regional, o seminário contou com a presença de ministros do TST e lideranças indígenas.

438O Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR), através da Corregedoria Regional, realizou, em 21 de setembro, um seminário no município de São Gabriel da Cachoeira, no interior do Amazonas, distante 852 km de Manaus. Com o tema ‘Acesso à Justiça na Amazônia: a exploração do trabalho e dos povos indígenas’, o evento ocorreu no Auditório do Centro Juvenil Salesiano, e teve mais de 330 visualizações no YouTube do TRT-11.

Abrindo o seminário, a desembargadora Márcia Nunes da Silva Bessa, corregedora regional, falou sobre a jurisdição do TRT da 11a Região, que possui 32 Varas do Trabalho, sendo 3 em Boa Vista (RR), 19 em Manaus, e 10 no interior do Amazonas. Ela destacou os serviços da Justiça do Trabalho Itinerante, que atende 62 municípios que compõem o Amazonas e 15 de Roraima. “Falar de itinerância é falar de acesso à Justiça. É falar em direitos humanos, em cidadania, em uma sociedade justa, solidária e fraterna”, declarou. A corregedora explicou o propósito do evento: “trazer a Justiça do Trabalho para o coração da Amazônia, aproximá-la de seus povos originários, conhecer sua cultura, desafios e, a partir deles, estabelecer políticas prioritárias de tratamento de suas demandas junto ao Poder Judiciário Trabalhista”.

Além da corregedora regional, compuseram a mesa de honra o ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, do Tribunal Superior do Trabalho (TST); a desembargadora Joicilene Jerônimo Portela, gestora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem do TRT-11; desembargadora Joana Meirelles, do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (Tjam); o juiz do trabalho Adelson da Silva Santos, presidente da Amatra XI; a procuradora-chefe do Ministério Público do Trabalho da 11ª Regiao (MPT), Alzira Melo; e o cacique Ismael Gonçalves, da etnia Munduruku, líder do Parque das Tribos.

Assinatura de acordo entre TRT11 e Federação Estadual do Índio

Logo após a abertura do evento houve a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica entre o TRT- 11, e a Fundação Estadual do Índio (FEI), cujo objetivo é a cooperação técnica-científica, administrativa e operacional entre as instituições, visando à adoção de políticas e ações de proteção contra a exploração do trabalho infantil, da mulher e do indígena no Estado do Amazonas. O acordo visa também a atender às demandas e necessidades específicas de melhoria do acesso à justiça do trabalho da população indígena. Assinaram o acordo a corregedora regional do TRT-11, desembargadora Márcia Bessa, e o presidente da FEI, Vanderlei Alvino.

Palestras reforçam a dignidade da pessoa humana

Nos dias de hoje, utilizando um aplicativo, é possível ter acesso aos processos trabalhistas pelo celular, uma vez que 99,9% dos processos trabalhistas são informatizados no Brasil. Mas essa modernidade não atinge todo o País, reconheceu o ministro do TST Cláudio Mascarenhas Brandão, em palestra de abertura do seminário. Ele fez uma retrospectiva de 2010, no início da informatização no Brasil, até os dias atuais, com o desenvolvimento de um aplicativo vinculado ao PJe que permite a consulta de processos em qualquer parte do Brasil.

439O ministro ressaltou como desafios da conectividade a falta de energia elétrica, que ocorre em muitos lugares da Amazônia, inviabilizando o uso de computadores, e também o alto custo da internet. De acordo com a Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), para garantir a internet a todos o país necessita investir R$ 60 bilhões, o que dificilmente será conseguido. Hoje, os excluídos digitalmente ainda são 46 milhões de brasileiros. Para ele, ainda há um desafio maior que é garantir o amplo acesso à justiça. “Se uma pessoa não tem acesso à Justiça, o Estado nega a essa pessoa o direito à cidadania”, reconheceu. Ao final da palestra o ministro enfatizou o aprendizado adquirido com o que vivenciou e conheceu em São Gabriel da Cachoeira: “todos nós sairemos daqui diferentes”, concluiu.

O ministro do TST Breno Medeiros abordou o tema “Direito ao trabalho de grupos minoritários e a jurisprudência do TST”. Ele citou a Constituição Federal de 1988, que no artigo 6º trata sobre o direito ao trabalho e apontou os quatro “S” do trabalho que garantem a dignidade da pessoa humana: sustento, saúde, segurança e status. Sobre a jurisprudência do TST aos indígenas, o ministro Breno Medeiros apresentou alguns acórdãos, como um da 12ª Região (SC) e outro da 24ª Região (MS), em que o TST manteve a decisão dos tribunais. Assim como o ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, o ministro Breno Medeiros também declarou que a ele “faltava essa visão amazônica e teremos um novo olhar ao voltar ao TST”. 440
A educadora e ativista social Amanda Cristina Ferreira, coordenadora do Instituto de Assistência à criança e ao adolescente Santo Antônio (Iacas) não mediu palavras ao abordar o tema “A exploração sexual, infantil e do trabalho indígena na Amazônia”. Reclamando a inexistência de políticas públicas, Amanda declarou: “o progresso não chegou, mas o tráfico, sim. E adotou as crianças”. Há dois anos o Iacas fez uma pesquisa em São Gabriel da Cachoeira e detectou exploração sexual e outros tipos de violência. E apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca) definir prioridade absoluta à criança, isso não acontece na prática, reclama a ativista.

O trabalho infantil na roça, ajudando os pais, tira a criança da escola no interior do Estado, onde também é naturalizado o casamento infantil, porque meninas são molestadas e engravidam com 10, 12 anos. E muitas vezes essas meninas casam com o abusador que tem 30 anos, relata Amanda Cristina. Ela reclama que os processos de exploração sexual “não andam e sequer são julgados e quem perde é a vítima”. Ela diz que apoia campanhas que incentivam denúncias de abusos contra crianças, mas como há pouca efetividade nos processos, as pessoas perdem a confiança e se calam.

Itinerância

A realidade de um juiz da 11ª Região que faz itinerância em um Estado de dimensões continentais como o Amazonas, foi apresentada pelos juízes Sandro Nahmias Melo, titular da Vara do Trabalho de Presidente Figueiredo, e Yone Silva Gurgel Cardoso, titular da Vara do Trabalho de Manacapuru. Para atender a 62 municípios do interior há apenas 10 varas, e os trabalhos da itinerância são indispensáveis.

A Vara de Presidente Figueiredo, por exemplo, atende também a Barcelos e São Gabriel da Cachoeira. Para dar uma ideia da extensão territorial a ser coberta, o juiz Sandro Melo diz que é igual a soma dos Estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Espírito Santo. E ao contrário de outras regiões, aqui o deslocamento é feito de barco, de avião e também por estradas, o que torna a missão dispendiosa e demorada. Devido a essa realidade peculiar ele comparou o juiz ao “Indiana Jones”, o herói de filmes de Holywood. Além dos desafios inerentes à geografia, há ainda as ameaças. “Eu já sofri ameaça de prefeito”, revela o magistrado. A alegria vem quando as pessoas que aguardaram muito tempo pela solução do problema, têm o caso solucionado. O juiz apresentou vídeos com alguns depoimentos.

A juíza Yone Silva Gurgel Cardoso, titular da Vara de Manacapuru, responde também por vários municípios, a exemplo de Anamã, que no período de cheia dos rios, até para atravessar a rua é necessário utilizar um barco. No caso de Caapiranga o acesso na vazante é por um rio estreito, perigoso e muito bem visitado por jacarés, conta ela. Nas itinerâncias há sempre o perigo de uma viagem de avião, numa estrada de difícil acesso e de barco durante uma tempestade. “Não tem juiz que não tenha vivido o medo correr nas veias”, enfatiza.

Dos inúmeros aprendizados a juíza diz que expressões como: “oi, dona”, “madame” e “vizinha” significam “Vossa Excelência”. Para ela, mesmo com todas as dificuldades e desafios, a itinerância tem o lado positivo, como ver alguém que voltou a confiar na justiça ao ter a questão trabalhista solucionada.

Dignidade, diferença e trabalho

O Doutor em Direito Socioambiental Edson Damas da Silveira iniciou a palestra informando que deixaria o ‘juridiquês’ de lado pois falaria especialmente ao público indígena presente no auditório. Ele explicou o conceito de dignidade e o que ela representa para os indígenas, falou sobre a importância em se respeitar as diferenças entre os povos, e abordou os direitos e as condições de trabalho dos povos indígenas, reconhecidos pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Os índios existem e devem ser respeitados. Têm direitos de se autodeclararem indígenas, e de verem suas crenças, tradições e costumes reconhecidos. A OIT fala do direito à diferença. Na prática, os índios precisam ser tratados de forma diferente inclusive nas relações e nos contratos de trabalho”, afirmou.

441Seguindo a programação do seminário, o painel de manifestações com representantes indígenas tiveram as etnias: Baré representados por Marivelton Barroso; Baniwa por Adilson Joanico; Yanomami pelo senhor José Mario; Tariana por Lorena Araújo; e Dessana pelo senhor Ercolino Alvez. Todos são líderes e ativistas da causa indígena. Em suas palavras, Adilson Joanico do povo Baniwa, agradeceu pelo interesse e realização do evento na terra de São Gabriel e prometeu levar o aprendizado ao seu povo. “É disso que o nosso país precisa, de pessoas que fiquem ao lado de quem mais necessita. Muitos de nós não sabemos quais nossos direitos, quanto vamos receber, e quando o salário atrasa, o que fazer? E hoje podemos entender parte disso”, frisou. Lorena Araújo, representante da etnia Tariana comentou sobre a precariedade da educação e a falta de segurança para jovens e crianças indígenas que sofrem com abusos sexuais. “Lutem por nós e façam acontecer justiça. Mesmo que seja difícil o acesso, vocês ainda conseguem chegar até aqui, os nossos parentes não conseguem. Não nos abandonem”, pediu.



Economia verde, justa e inclusiva

Com a participação no formato de vídeo, o ministro do TST Lélio Bentes Corrêa contribuiu para o seminário com palestra de tema “Trabalho decente na Amazônia”. Ressaltou que cerca de 6 bilhões de pessoas trabalham sem proteção social, na informalidade, e defende a promoção de um serviço decente, de direitos a serem respeitados e que foram enriquecidos no ano de 2022 com cinco direitos fundamentais: Liberdade de sindicalização e de negociação coletiva; Proteção contra a discriminação; Proibição do trabalho escravo; Proibição do trabalho infantil; Trabalho desenvolvido em ambiente protegido, quanto a saúde e segurança de trabalhadoras e trabalhadores.

Disse ainda que não apenas esses direitos precisam ser protegidos, porém todos os outros assegurados pela normativa internacional e legislação nacional precisam ser respeitados. “É fundamental que as relações de trabalho partam do princípio da preservação da dignidade do ser humano, em qualquer ambiente e em particular no ambiente amazônico. Emprego verde e emprego digno são conceitos que caminham lado a lado, a implementação de economia verde deve ser pautado no direito fundamental ao trabalho digno, a fim de garantir que a transição para aquilo que se entende como economia verde, seja inclusiva e justa para todos e todas”, finalizou.

O seminário ‘Acesso à Justiça na Amazônia: a exploração do trabalho e dos povos indígenas’ pode ser acessado em qualquer tempo no link:
https://www.youtube.com/watch?v=4hFal9-3vlQ

Confira a Galeria de fotos.

Coordenadoria de Comunicação Social
Texto: Martha Arruda, Terezinha Patrícia e Vanessa Costa
Fotos: Renard Batista
Esta matéria tem caráter informativo, sem cunho oficial.
Permitida a reprodução mediante citação da fonte.

Termos encontrados Amazonas, Anamã, Barcelos, Bessa, Caapiranga, Economia, Educação, Estado de Roraima, Estado do Amazonas, Justiça, Manacapuru, Manaus, Polícia, Presidente Figueiredo, São Gabriel da Cachoeira, TRT 11ª Região Amazonas e Roraima
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